Após firmar acordo com a Brookfield Energia Renovável para a venda de nove usinas solares no Ceará, a Newen, segunda maior vencedora dos leilões de energia nova para a fonte solar, prioriza a construção de um novo cluster de empreendimentos em Minas Gerais. Ao todo, a empresa prevê investir R$ 1,5 bilhão em projetos que terão 100% da oferta destinada em contratos no mercado livre, seja em acordos bilaterais, seja em modelos de autoprodução de energia.
Fundada em 2014, a Newen, controlada pela construtora brasileira Steelcons, se especializou no desenvolvimento de projetos solares. Nos últimos cinco anos, a empresa negociou a oferta de 16 usinas solares nos Estados do Ceará e Bahia nos leilões regulados, empreendimentos que somam 472 MW de capacidade instalada. Esse desempenho nos certames organizados pelo governo federal só é superado pelos italianos da Enel Green Power.
Com 4 mil MW de projetos no Nordeste e Sudeste em diferentes estágios de desenvolvimento, a Newen tem planos para comercializar essa oferta nos leilões regulados e no mercado livre. No caso das usinas nordestinas, em função do risco de diferença de preço entre os submercados, a prioridade é a venda às distribuidoras, embora a negociação com os grandes consumidores não esteja descartada. “No Sudeste, a energia vai ser destinada 100% para o mercado livre e autoprodução”, disse o presidente da Newen, Rodolfo Toni.
É o caso dos projetos de Minas Gerais. A empresa tem planos de construir no município de Janaúba um cluster de 600 MW de capacidade em projetos solares. Sem abrir os nomes, Toni revelou que a geradora já firmou o seu primeiro contrato de compra e venda de energia no mercado livre para projetos que somam 200 MW e já tem um memorando de entendimento assinado para a implementação de outros 100 MW na modalidade de autoprodução de energia.
Os 300 MW remanescentes serão construídos em um modelo de negócio chamado merchant, ou seja, quando o gerador topa o risco de construir uma usina sem ter contratos de venda de energia. Neste formato, o braço de comercialização de energia da empresa, a Newen Soluções em Energia, irá buscar compradores no mercado para a oferta do empreendimento.
“Os contratos firmados nos outros 300 MW, que possuem preços melhores que os negociados para o parque solar Alex (em torno de R$ 118/MWh), vão gerar caixa suficiente para viabilizar os investimentos nas usinas merchant”, afirmou Toni. Na estratégia da empresa, 50% dos R$ 1,5 bilhão deverão vir de bancos de fomento e 30%, da emissão de debêntures de infraestrutura. “Os outros 20% serão investidos com capital próprio da companhia”, complementou. Os 600 MW do novo cluster estão previstos para entrar em operação comercial em meados de 2022.
Para Toni, a modelagem financeira desenhada para o novo cluster em Minas Gerais está em linha com o atual contexto do setor elétrico brasileiro. De acordo com o executivo, os bancos já se mostram dispostos a financiar os projetos que não possuem contratos de venda de longo prazo, diferentemente do que ocorria anos atrás. “As instituições já trabalham com um conceito de PLD Suporte, com valores na faixa de R$90/MWh a R$ 110/MWh”, disse. O preço de liquidação das diferenças (PLD) é usado como balizador para os contratos no mercado livre.
A especialização em projetos de energia solar é entendida pela Newen como um diferencial competitivo com a entrada em vigência do PLD horário, previsto para ocorrer em janeiro de 2021. Isso porque a tendência é que o preço spot da energia fique mais caro durante o dia, quando há o pico no consumo de energia elétrica, justamente o período de maior produção da energia solar. “À noite, quando não há geração solar, compramos energia de outras fontes a um custo mais baixo”, argumentou o executivo, ressaltando, assim, a importância da atuação da comercializadora da empresa, que foi fundada no ano passado.
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